domingo, 4 de novembro de 2012


FES e a Esclerose Múltipla
 

A FES tem diversas aplicações, ou seja, pode ser utilizada para aumentar a funcionalidade motora em diversas patologias neurológicas. Atualmente, a literatura publicada refere a aplicação da FES em casos de Esclerose Múltipla (EM).

A esclerose múltipla é uma doença desmielinizante do sistema nervoso central (SNC), caracterizada pela inflamação crónica. A etiologia desta patologia ainda não é evidente, contudo, pensa-se em um mecanismo autoimune subjacente com alvo na mielina dos neurónios do SNC. Esta patologia é caracterizada por padrões evolutivos, que de alguma forma, esta relacionada com a variabilidade das lesões disseminadas na substância branca do SNC. Estes padrões demostram, que ao longo do tempo, a relação inflamação-reparação diminui e a neuro-degeneração aumenta. A EM apresenta um quadro clinico com sinais e sintomas típicos (surgem no inicio da patologia por lesão de substancia branca) e atípicos (fase tardia da patologia por lesão substância cinzenta). Os sinais e sintoma típicos são nevrite óptica, nistagmo, diplopia, vertigens, fraqueza dos membros (pode surgir distúrbios na marcha), espasticidade, hiperreflexia osteotendinosa, clónus, sinal de babinski, parestesias ou hipostesias, sinal de Lhermitte e disfunção vesical e sexual. Os sinais e sintomas atípicos são afasia, hemianopsia, movimentos involuntários, atrofia muscular grave, fasciculações musculares, tétrada de Charcot, obstipação ou incontinência fecal, demência, defeito cognitivo. Esta patologia é caracterizada pela sua imprevisibilidade e pelo seu prognóstico difícil. Desta forma a incapacidade resulta das lesões depende da acumulação das sequelas apos surtos sucessivos e da sua evolução progressiva. Atualmente, para o tratamento desta patologia existe:
·         A terapia dos surtos (tende a diminuir a severidade e a duração dos surtos);
·         A terapia destinada a alteração da história natural da patologia (reduzir a frequências e a severidade dos surtos e a numero de novas lesões do SNC);
·         A terapia sintomática (pretende diminuir efeitos os sinais e sintomas da patologia, aumentando a qualidade de vida do utente).

A aplicação da FES na EM tem vindo a ser estudada, de forma a encontrar evidência sobre os efeitos sobre a funcionalidade e a qualidade de vida dos utentes. Desta forma iremos apresentar dois artigos recentes , na tabela seguinte, que relacionam a aplicação da FES com a EM:
Nome do artigo
Abstract
Explicação artigo e link

Courtney, A. M., Castro-Borrero, W., Davis, S. L., Frohman, T. C. & Frohman, E. M. (2011). Functional treatments in multiple sclerosis. Curr opin neurol. 24(3):250-4.

 
Purpose of review: This review focuses on recent advances in the understanding and management of symptoms and dysfunctions associated with multiple sclerosis (MS).
Recent findings: A broad spectrum of dysfunctions associated with ms are under investigation. Research published in the past year and a half addresses gait dysfunction, exercise training, fatigue, bowel/bladder and sexual dysfunction, and sleep disruption. Functional electrical stimulation and strength training have been validated for improvement in gait and motor function. Exercise training has been shown to benefit mood and quality of life scores and to reduce circulating inflammatory cytokine levels. Fatigue remains a challenging problem with incremental improvements in understanding of underlying causes and effective drug therapies offered by recent work. Treatment of bowel, bladder and sexual dysfunction utilizing a variety of modalities has been investigated with some progress.
Summary: In the absence of treatments to reverse neurologic injury due to MS, effective symptom management and functional improvement remain essential to mitigate disability and maintain quality of life. Basic research, as well as controlled clinical trials, in this realm offers promising insights and solutions.
 
O artigo apresenta uma revisão da literatura em que as disfunções associadas a em estão sob investigação. Nesta pesquisa os resultados revelam que a FES e o treino de força melhoram a marcha e função motora entre outras melhoras significativas. Esta pesquisa veio demonstra que a gestão dos sintomas e da funcionalidade permite diminuir a deficiência e manter a qualidade de vida dos utentes.
 

Ratchford, J. N., Shore, W., Hammond, E. R., Rose, J. G., Rifkin, R., Nie, P., Tan, K., Quigg, M. E., De Lateu, B. J. & Kerr, D. A. (2010). A pilot study of functional electrical stimulation cycling in progressive multiple sclerosis. Neurorehabilitation, 27(2):121-8.

 

Background: functional electrical stimulation (FES) cycling is used by spinal cord injury patients to facilitate neurologic recovery and may also be useful for progressive MS patients.

Objective: to evaluate the safety and preliminary efficacy of home FES cycling in progressive MS and to explore how it changes cerebrospinal fluid (CSF) cytokine levels.

Methods: five patients with primary or secondary progressive MS were given an FES cycle for six months. Main outcome measures were: two minute walk test, timed 25-foot walk, timed up and go test, leg strength, expanded disability status scale (EDSS) score, and multiple sclerosis functional composite (MSFC) score. Quality-of-life was measured using the short-form 36 (SF-36). Cytokines and growth factors were measured in the CSF before and after FES cycling. Results: improvements were seen in the two minute walk test, timed 25-foot walk, and timed up and go tests. Strength improved in muscles stimulated by the FES cycle, but not in other muscles. No change was seen in the EDSS score, but the MSFC score improved. The physical and mental health subscores and the total SF-36 score improved.

Conclusions: FES cycling was reasonably well tolerated by progressive MS patients and encouraging improvements were seen in walking and quality-of-life. Larger studies of FES cycling in progressive MS are indicated.

 
O artigo refere que a FES pode ser utilizada em utentes com  lesão medular para facilitar a recuperação neurológica, pode, com os mesmos princípios, ser útil aos utentes com EM. O artigo refere que o pretende avaliar os níveis de citocinas no líquido cefalorraquidiano, em utentes com EM progressiva, quando há utilização da terapia com FES. Os utentes que participaram no artigo demonstraram melhorias na marcha e na qualidade de vida.
 
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Referência bibliográfica:
- Santos, Hugo (2012). Sebenta de fisiopatologia neurológica. Fisiopatologia III. Alcoitão: Escola Superior de Saúde de Alcoitão.

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