domingo, 2 de dezembro de 2012


Influência da estimulação elétrica funcional (EEF) no tónus muscular e controle postural nos hemiplégicos após AVC.



No processo de reabilitação funcional em utentes hemiplégicos temos que considerar as alterações posturais, encurtamentos musculares e alterações dos padrões de movimentos. Mudanças morfológicas, fisiológicas e biomecânicas dos músculos (DEAN et al 2000) podem contribuir a diminuição da amplitude de movimento, causar dor e contraturas, como, também dificuldades funcionais.
A reabilitação das funções motoras passa pela Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva e o método Neuro-Evolutivo. No processo da neuro reabilitação existem ainda aparelhos de estimulação eléctrica para diversas finalidades: alívio da dor, fortalecimento muscular, aumento da resistência, diminuição da espasticidade, aquisição ou manutenção de amplitude de movimento e para produção de movimentos funcionais (WANG, J & STELMACH apud OBERG, 2002).

A Estimulação Elétrica Funcional (EEF) utiliza a corrente elétrica para provocar a contração de músculos paralisados ou enfraquecidos decorrentes de lesão do neurônio motor superior.
- Os efeitos imediatos são: inibição recíproca, relaxamento do músculo espástico e estimulação sensorial de vias aferentes.
- Os efeitos tardios agem na neuroplasticidade e são susceptíveis de modificar as propriedades viscoelásticas musculares e favorecer a ação e o desenvolvimento de unidades motoras de contracção rápida.
No entanto, a sua aplicação é limitada por certos critérios de exclusão como alterações tróficas no local da aplicação da EEF, Diabetes Mellitus avançada, alterações cognitivas importantes e outras doenças neurológicas associadas.
O tratamento fisioterapêutico, integrado num conjunto de intervenções, baseia-se então em restaurar as habilidades funcionais desses indivíduos através do processo de aprendizagem ativa do indivíduo (RICHARDSON, 2002; STOKES,2000). A utilização da EEF no membro superior de indivíduos que sofreram AVC tem como princípio realizar movimentos funcionais como alcance e preensão de um objecto, consequentemente reduzindo a espasticidade (SULLIVAN, 2005) e melhorando o controlo motor selectivo na função do alcance e preensão (SHUMWAY-COOK, 2003),havendo assim, o recondicionamento do ato motor associado à percepção.
Sendo que os sistemas, sensorial e motor trabalham em conjunto para a coordenação de movimento através de uma sequência correta de activação entre os músculos sinergistas, agonistas e antagonistas, o mecanismo da terapia com a EEF é que caminhos motores alternativos são recrutados e ativados para ajudar nos caminhos eferentes danificados (ROBY-BRAMI 1997).

Estudos mostram que a EEF pode ser aplicada diariamente (CHAE, J. Et al, 1998) e por um período de até seis meses (CAURAUGH, J et al, 2000). O programa com duas sessões semanais durante três meses com duração de 20 minutos cada sessão sendo uma média de tempo utilizada em diversos estudos (OBERG, 2002) mostrou-se viável, visto que os resultados alcançados foram positivos.
A recuperação da força isométrica e a redução das desabilidades dos membros superiores dos hemiplégicos (POWELL, 1999), bem como a recuperação da força muscular e da coordenação motora, mostram que a combinação da estimulação eléctrica com o esforço voluntário promove e mantém a recuperação funcional.


Miyazaki, E., Rosa, T., Nascimente, A. & Oberg, T. (2008) Influencia da estimulação electrica para adequação de tono muscular e controle motor em hemiplégicos. INTELLECTUS – Revista Academica digital do Grupo POLIS Educacional – ISSN (5), 1679 – 8902.

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