FES e a
Esclerose Múltipla
A
FES tem diversas aplicações, ou seja, pode ser utilizada para aumentar a
funcionalidade motora em diversas patologias neurológicas. Atualmente, a
literatura publicada refere a aplicação da FES em casos de Esclerose Múltipla
(EM).
A
esclerose múltipla é uma doença desmielinizante do sistema nervoso central
(SNC), caracterizada pela inflamação crónica. A etiologia desta patologia ainda
não é evidente, contudo, pensa-se em um mecanismo autoimune subjacente com alvo
na mielina dos neurónios do SNC. Esta patologia é caracterizada por padrões
evolutivos, que de alguma forma, esta relacionada com a variabilidade das
lesões disseminadas na substância branca do SNC. Estes padrões demostram, que
ao longo do tempo, a relação inflamação-reparação diminui e a neuro-degeneração
aumenta. A EM apresenta um
quadro clinico com sinais e sintomas típicos (surgem no inicio da patologia por
lesão de substancia branca) e atípicos (fase tardia da patologia por lesão substância
cinzenta). Os sinais e sintoma típicos são nevrite óptica, nistagmo, diplopia,
vertigens, fraqueza dos membros (pode surgir distúrbios na marcha),
espasticidade, hiperreflexia osteotendinosa, clónus, sinal de babinski,
parestesias ou hipostesias, sinal de Lhermitte e disfunção vesical e sexual. Os
sinais e sintomas atípicos são afasia, hemianopsia, movimentos involuntários,
atrofia muscular grave, fasciculações musculares, tétrada de Charcot,
obstipação ou incontinência fecal, demência, defeito cognitivo. Esta patologia
é caracterizada pela sua imprevisibilidade e pelo seu prognóstico difícil. Desta
forma a incapacidade resulta das lesões depende da acumulação das sequelas apos
surtos sucessivos e da sua evolução progressiva. Atualmente, para o tratamento desta
patologia existe:
·
A
terapia dos surtos (tende a diminuir a severidade e a duração dos surtos);
·
A
terapia destinada a alteração da história natural da patologia (reduzir a frequências
e a severidade dos surtos e a numero de novas lesões do SNC);
·
A
terapia sintomática (pretende diminuir efeitos os sinais e sintomas da
patologia, aumentando a qualidade de vida do utente).
A
aplicação da FES na EM tem vindo a ser estudada, de forma a encontrar evidência
sobre os efeitos sobre a funcionalidade e a qualidade de vida dos utentes.
Desta forma iremos apresentar dois artigos recentes , na tabela seguinte, que relacionam
a aplicação da FES com a EM:
Nome
do artigo
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Abstract
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Explicação
artigo e link
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Courtney, A. M., Castro-Borrero, W., Davis,
S. L., Frohman, T. C. & Frohman, E. M. (2011).
Functional treatments in multiple sclerosis. Curr opin neurol. 24(3):250-4.
|
Purpose of review: This
review focuses on recent advances in the understanding and management of
symptoms and dysfunctions associated with multiple sclerosis (MS).
Recent findings: A broad
spectrum of dysfunctions associated with ms are under investigation. Research
published in the past year and a half addresses gait dysfunction, exercise
training, fatigue, bowel/bladder and sexual dysfunction, and sleep
disruption. Functional electrical stimulation and strength training have been
validated for improvement in gait and motor function. Exercise training has
been shown to benefit mood and quality of life scores and to reduce
circulating inflammatory cytokine levels. Fatigue remains a challenging
problem with incremental improvements in understanding of underlying causes
and effective drug therapies offered by recent work. Treatment of bowel,
bladder and sexual dysfunction utilizing a variety of modalities has been
investigated with some progress.
Summary: In the
absence of treatments to reverse neurologic injury due to MS, effective
symptom management and functional improvement remain essential to mitigate
disability and maintain quality of life. Basic research, as well as
controlled clinical trials, in this realm offers promising insights and
solutions.
|
O artigo apresenta uma revisão da
literatura em que as disfunções associadas a em estão sob investigação. Nesta
pesquisa os resultados revelam que a FES e o treino de força melhoram a
marcha e função motora entre outras melhoras significativas. Esta pesquisa
veio demonstra que a gestão dos sintomas e da funcionalidade permite diminuir
a deficiência e manter a qualidade de vida dos utentes.
|
Ratchford, J. N., Shore, W.,
Hammond, E. R., Rose, J. G., Rifkin, R., Nie, P., Tan, K., Quigg, M. E., De
Lateu, B. J. & Kerr, D. A. (2010). A pilot
study of functional
electrical stimulation
cycling in progressive
multiple sclerosis.
Neurorehabilitation, 27(2):121-8.
|
Background: functional
electrical stimulation
(FES) cycling is used by spinal cord injury
patients to facilitate neurologic recovery and may also be useful for progressive MS patients.
Objective: to evaluate the safety and
preliminary efficacy of home FES cycling in progressive MS and to explore how it changes cerebrospinal
fluid (CSF) cytokine levels.
Methods: five patients with primary or
secondary progressive MS were given an FES cycle
for six months. Main outcome measures were: two minute walk test, timed
25-foot walk, timed up and go test, leg strength, expanded disability status
scale (EDSS) score, and multiple sclerosis functional
composite (MSFC) score. Quality-of-life was measured using the short-form 36
(SF-36). Cytokines and growth factors were measured in the CSF before and
after FES cycling. Results: improvements were
seen in the two minute walk test, timed 25-foot walk, and timed up and go
tests. Strength improved in muscles stimulated by the FES cycle, but not in
other muscles. No change was seen in the EDSS score, but the MSFC score
improved. The physical and mental health subscores and the total SF-36 score
improved.
Conclusions: FES cycling
was reasonably well tolerated by progressive MS
patients and encouraging improvements were seen in walking and
quality-of-life. Larger studies of FES cycling
in progressive MS are indicated.
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O artigo refere que a FES pode ser
utilizada em utentes com lesão medular
para facilitar a recuperação neurológica, pode, com os mesmos princípios, ser
útil aos utentes com EM. O artigo refere que o pretende avaliar os níveis de
citocinas no líquido cefalorraquidiano, em utentes com EM progressiva, quando
há utilização da terapia com FES. Os utentes que participaram no artigo
demonstraram melhorias na marcha e na qualidade de vida.
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Referência
bibliográfica:
-
Santos, Hugo (2012). Sebenta de fisiopatologia neurológica. Fisiopatologia III.
Alcoitão: Escola Superior de Saúde de Alcoitão.
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