FES
e a Prática Clínica
Atualmente a
estimulação elétrica funcional (FES) é uma técnica de intervenção utilizada em
utentes com lesões neurológicas, com paresia ou paralisia, sendo comumente
utilizada em utente com lesão do moto-neurónio superior.
No início da FES,
esta foi caracterizada pela técnica que permitia obter um movimento muscular
imediato funcional em resposta a um estímulo elétrico. A principal aplicação
era na correção do pé pendente, contudo, era de difícil acesso pois a produção
do estímulo era feita através de bobinas, que não era possível deslocar. Em
1960, surgiram os primeiros estimuladores portáteis, o que permitiu uma correção
na marcha de um utente hemiplégico, segundo uma otimização dos aparelhos pelo
Dr. Liberson e pelo Dr. Franklin Offner. De seguida produziram uns
estimuladores que permitia a utentes paraplégicos, realizar marcha, pela
estimulação do músculo Glúteo Máximo e do músculo Solhar. Toda a evolução da aplicação de FES
surgiu devido ao trabalho de Dr. Liberson e colegas baseando-se na engenharia
médica, na biológica, na tecnologia, na cibernética e na neurofisiologia. Esta
evolução permitiu que a prática clínica se fosse adaptando as disfunções do moto-neurónio
superior e inferior que iam surgindo ao longo do tempo. A aplicação da FES foi
melhorando até a década de 70, onde foram reconhecidas, através de diversos
estudos, as influências nas disfunções dos moto-neurónios superiores e
inferiores nas características tróficas do músculos e na excitabilidade neural.
Desde o início da
FES, houve a definição de parâmetros seguros para a sua utilização e evolução
na sua aplicação como estratégia de intervenção. Sendo que houve grandes
evoluções nas tecnologias de implante e aplicação, o que permite, de certa
forma, um uso continuado por parte do utente sem grande dificuldade. Contudo
não podemos esquecer que a prática clínica atualmente baseia-se nos mesmos
princípios que no início da FES, apenas está melhorada pelos estudos que comprovam
a sua efetividade. A prática clinica atual demonstra que o uso precoce da FES
pode minimizar os efeitos do desuso, que surgem nas diversas lesões
neurológicas, podendo acompanhar de forma mais eficaz a recuperação e a neuroplasticidade
inerente. Com a evolução da neurociência, a aplicação da FES, atualmente,
baseia-se nos conhecimentos sobre os geradores de movimento, de controlo, no
processamento de informação e o modo de condução da informação no sistema
nervoso, o que permite uma melhor adequação ao utente.
Podemos concluir
que os princípios da FES fornecem atualmente, a prática clinica, a capacidade
de corrigir uma falha neuromuscular que surja de uma lesão no sistema nervoso.
Sendo assim, a junção de conhecimento sobre o controlo motor do ser humano ao
longo de décadas permitiu, uma evolução lenta, de uma estratégia eficaz em
situações neurológicas.
Referência bibliográfica:
Dimitrijevic,
M. R. (2008). Clinical
Practice of Functional Electrical Stimulation: From “Yesterday” to “Today”.
Artificial Organs, 32(8), 577–580.